Arquivo da categoria: Crítica de Arte

A Galeria Virtual do Post-Screen Festival 2014

A Galeria Virtual do Post-Screen Festival 2014 – FBAUL Novembro 2014

por Diogo Freitas da Costa

Em lugar algum

O certame organizado pela secção de Ciberarte do Centro de Investigação-  e Estudos Belas Artes (CIEBA) –  Post-Screen Festival 2014 – apresenta-se como a 1ª edição de um Festival Internacional de Arte, Novos Media e Ciberulturas. Para o efeito, Ana Vicente e Helena Ferreira (CIEBA-FBAUL) conceberam um programa que se desdobra num conjunto eventos de natureza diversa – workshops, conferências e exposições – a decorrer simultaneamente na Faculdade de Belas Artes de Lisboa durante o mês de Novembro. Embora querendo aqui cingir-nos à vertente expositiva deste festival, estaríamos a omitir um dos seus aspetos mais relevantes, e até a desvirtuar a própria experiência dos trabalhos reunidos, se não tomássemos nota da abrangência de um festival que, a par de uma vincada aproximação dos meios académicos e artístico claramente apostada na transdisciplinaridade e transnacionalidade – reunindo investigadores e artistas de várias universidades nacionais e internacionais – deve ser entendido, antes de mais, como um evento integrado e construído numa lógica de networking. Continuar a ler

Salette Tavares

Exposição «Salette Tavares: Poesia Espacial» – FCG-CAM – Galeria, Lisboa 17 Outubro 2014 (inauguração) – 25 janeiro 2015

por Margarida Eloy

Margarida Eloy

Encontra-se presente na galeria de exposições temporárias do CAM da Gulbenkian a exposição “Salette Tavares: poesia espacial”, com curadoria de Margarida Brito Alves e Patrícia Rosas.

Salette Tavares (1922-1994), foi uma escritora Portuguesa nascida em Moçambique, formada em Filosofia e Estética. Embora tenha produzido diversas obras literárias e artísticas, ficou conhecida sobretudo pelo seu envolvimento na poesia experimental dos anos 60. A sua obra cruzou a produção literária e a prática artística, estendendo-se à poesia visual, à sua exploração tridimensional e à produção de objetos.

Trata-se de uma retrospetiva da carreira de Sallete Tavares e de um aspecto muito presente na sua obra, a exploração da “dialética das formas”. Para esta mostra foram reunidos trabalhos em múltiplos domínios, alguns deles inéditos e outros reconstruídos para esta mostra.

A abordagem relativa à “Dialética das formas”, trata-se de uma exploração do discurso e da linguagem enquanto forma física e espacial.  Salette trabalha a poesia, não como linguagem escrita, mas sim como linguagem espacial, tridimensional. Procura dar forma á poesia, tirando proveito da tipografia das palavras e da pontuação, criando ritmos esculturais que se espalham pelo espaço expositivo. Continuar a ler

Víktor Ferrando

Exposição «Planet Ferrovia Sector IX Via Lusitânea» – Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco 15 Novembro 2014 – 5 Abril 2015

por Mariana Salgueiro

Depois da abertura do Centro de Cultura Contemporânea em Outubro de 2013, com a exposição “Arte Latino Americana”, que apresentou obras da Coleção Berardo, a exposição “Planet Ferrovia Sector IX Via Lusitânea” veio dar continuidade ao programa do CCCCB. Esta nova exposição, comissariada por Guida Maria Loureiro, veio apresentar várias instalações de Víktor Ferrando.

O artista valenciano teve um percurso eclético e sobretudo autodidata, porém, nesta exposição, assume o seu interesse pelo futurismo italiano, começando logo pelo texto que abre a exposição, o ponto 11 do Manifesto Técnico do Futurismo (1912), escrito por Filippo Tommaso Marinetti.

Ainda antes de entrar no espaço do Centro de Cultura Contemporânea somos cumprimentados por quatro grandes esculturas de material ferroviário reutilizado, que nos elucidam sobre o tipo de material com que este artista trabalha. Embora num primeiro momento tenha pensado que representavam peixes, as grandes esculturas são a reflecção de um imaginário ligado ao espaço. As esculturas-instalações representam Neptuno, Vénus, Marte e Titã. Continuar a ler

José de Guimarães no TMG

Exposição ‘Provas de Contacto’do Stencil ao Digital: Processos de Transferência da Imagem – Galeria de Arte do TMG, Teatro Municipal da Guarda – 27 de Setembro – 31 Dezembro 2014

por Joana Correia Saraiva 

imagem texto Joana Saraiva

A exposição ‘Provas de Contacto’ de José de Guimarães, inaugurada no passado dia 27 de Setembro na Galeria de Arte do TMG, Teatro Municipal da Guarda, reflete uma vida artística repleta de viagens e vivências pelo globo, com um caráter particular na composição de cada imagem, de cada obra. José de Guimarães, pseudónimo eleito por José Maria Fernandes Marques, em homenagem à cidade de onde é natural, Guimarães, possui um abastado percurso artístico, com inúmeros prémios, nacionais e internacionais atribuídos e obra presente nos vários continentes. Alguns dos prémios recebidos e que merecem ser referidos, sem desprimor para os restantes, contudo estes tendo sido os primeiros, marcaram o início de uma carreira atualmente consolidada, são o Prémio de Gravura no Salão de Arte Moderna da Cidade de Luanda em 1968, Medalha de Bronze do Prix Europe de Peinture de la Ville de Ostende em 1980. Com licenciatura em Engenharia, tendo-se também inscrito posteriormente em Arquitetura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, foi nas artes plásticas que sobressaiu, unindo sobretudo a arte aos estudos de etnografia africana. Com cooperação de Gil Teixeira Lopes no desenho e de Teresa de Sousa na pintura, adquiriu o suporte necessário, aliado claramente à sua própria aptidão para imaginar e criar, desenvolvendo assim um código imagético único e distintivo de qualquer outra composição realizada pelos artistas seus contemporâneos. Com organização conjunta entre o Teatro Municipal da Guarda e o CIAJG, Centro Internacional de Arte José de Guimarães e com curadoria de Nuno Faria, curador responsável do CIAJG, a exposição apresenta técnicas de produção de imagem por transferências, entre a gravura e o stencil, tão próprias do artista. Todo o conjunto apresentado possui uma linha comum, condutora, a colocação de uma frase, de um número, ou letras soltas, em cada peça, em todas as peças. Continuar a ler

Fátima Mendonça – Operando (Com) O Medo

Exposição retrospetiva – Centro de Arte Manuel de Brito – Algés – 26 Set 14 > 15 Set 15

 A Cura – Operação ao cérebro – Galeria 111 – Lisboa – 15 Nov > 31 Dez 14

por Claudia Simenta Rodrigues

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 «[O medo] acompanha-me a vida toda. […] aos poucos, ele instala-se e não o consigo mandar embora. Tenho medo, tenho medo. […] Fujo do medo, mas é ele que me faz pintar e ser quem sou da forma que sou.» – Fátima Mendonça entrevistada em entrevista à 30 Dias|Oeiras.

Há precisamente 50 anos que Fátima Mendonça opera (com) o medo. Desde sempre o sentiu. Sempre esteve presente de uma forma ou de outra. O medo como base da construção humana, na sua mais extensa indefinição, enquanto criação de uma realidade/fantasia infantil. Fátima sempre teve medo. Medo de um todo indefinido, grandioso, castrador, visceral.

Foi nas Belas-Artes de Lisboa, através da pintura, que Fátima Mendonça encontrou forma de lidar com esse medo; um medo que, por todas as razões que lhe são intrínsecas, é criador e criativo e que se permite ser transposto para a tela em emaranhados difusos (e confusos) de linhas, redes, tricotados, contornos, cromatismos vibrantes e palavras. Muitas palavras.

O universo de Fátima Mendonça desenvolve-se na confrontação entre o imaginário da infância e a realidade da idade adulta. A sua obra é por isso invenção, fantasia e ironia, denotando, na sua construção, uma forte ligação à casa e à vida doméstica e o recurso a uma simbologia que lhe é muito própria e à qual recorre com frequência nas suas representações.

No Centro de Arte Manuel de Brito apresenta-se assim uma exposição comemorativa dos 50 anos da artista, composta exclusivamente por obras da coleção da instituição, que sendo uma coletânea extremamente relevante da sua obra, permite-nos ter a perceção do que foi o seu percurso até hoje. Continuar a ler