Aquivo do autor: Fernando Rosa Dias

Lançamento da Convocarte nº2/3 («Arte e Geometria»), início dos trabalhos dos nº4/5 («Arte e Activismo Político») e apresentação da versão impressa da Convocarte nº1 («Arte Pública»)

Fernando Rosa Dias, Odete Palaré, Simão Palmeirim, Cristina Pratas Cruzeiro e José Pedro Regatão

Fernando Rosa Dias, Odete Palaré, Simão Palmeirim, Cristina Pratas Cruzeiro e José Pedro Regatão

No dia 6 de Abril de 2017, no Auditório Lagoa Henriques (sala 3.01) da FBAUL, pelas 18.15 horas, a revista Convocarte fez uma sessão com uma série de apresentação dos seus trabalhos, com a seguinte ordem:

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Nikias Skapinakis – Paisagens Ocultas

Nikias Skapinakis – Paisagens Ocultas – Pintura 2014-2016 – 7 Maio a 11 Junho 2016 – Galeria Fernando Santos, Porto

por Fernando Rosa Dias

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Dominada por uma série de pinturas intituladas Paisagens Ocultas (2014-2016), acompanhadas por uma série de guaches Lago de Cobre (2015), seguindo a mesma linha, esta exposição coloca-nos perante o extremar de uma ideia de pintura pura, sobretudo quando avaliada no percurso de Nikias Skapinakis. Esse percurso sempre se jogou na tensão entre a representação e a construção da pintura, tem colocado historicamente o pintor em contraponto irónico de figurações em tempos de modas da abstracção e de pendores abstractos em tempos de retomas figurativas; mas, nesse contra-ciclo, Nikias sempre foi preconizando as coisas representadas, sejam referentes concretos ou aludidos, a uma passagem para o quadro enquanto transferência. O quadro era sempre assumido como um lugar próprio onde o mundo, ao para aí se transportar e expor, ao se tornar pintura, se transfigurava e até manipulava, obrigando a uma densificação da sua significação, ou seja, em que a pintura não recebia apenas o mundo porque lhe produzia sentidos nessa transferência – e isso definia uma contumaz profundidade e responsabilidade cultural que entendemos assumida no interior do exercício da pintura de Nikias. Perante esta nossa leitura desse percurso de pintura com mais de sessenta anos, o que significa agora esta oscilação para uma pintura pura em Nikias Skapinakis? Continuar a ler

Rule of Thirds

Rule of Thirds – Culturgest, Fundação Caixa Geral de Depósitos – Coreografia: São Castro e António Cabrita – de 1 a 2 de Abril de 2016

por Inês Fonseca

ruleofthirds@2x

No início era o instante.

Três figuras voltadas de costas para o público. Assim começa Rule of Thirds, a mais recente criação de António Cabrita e São Castro, que estreou no passado dia 1 de Abril na Culturgest.

O trabalho fotográfico do mestre Henri Cartier-Bresson é o ponto de partida para uma coreografia, tal como nas obras de Bresson, que quer captar o “instante decisivo”. Esta noção, considerada pelos críticos fotográficos simbolizava a “unidade da obra”, a “habilidade de estar no sítio certo”, resumindo a “genialidade da composição”.

A proposta coreográfica que São Castro e António Cabrita nos apresentam é uma exploração limpa da técnica contemporânea numa execução trabalhosa, mas sempre com um aspecto de leveza implícito. Continuar a ler

José Espinho. Vida e obra

José Espinho. Vida e obra – MUDE – Museu do Design e da Moda, Lisboa – 10 de dezembro 2015 a 6 de maio 2016

por Carlota Pignatelli Garcia

O nome MUDE como conjugação do verbo mudar, mostra-se, a cada visita, o mais indicado para o Museu do Design e da Moda. Porque o que é o design, senão uma arte que nasce da constante necessidade de adaptação a mudanças? É de mudanças que trata a exposição temporária sobre a vida e obra de José Espinho, um dos pioneiros do design em Portugal. De tal forma o é  que, durante o tempo em que exerceu a sua atividade, esta era uma profissão que nem ele nem os seus contemporâneos sabiam denominar. José Espinho considerava-se e apresentava-se simplesmente como “fazedor de obra”. Continuar a ler

Tatiana Macedo: 1989 – Descobrir a distância

Tatiana Macedo: 1989 – Descobrir a distância – Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Lisboa – 21 Novembro 2015 até 31 Janeiro 2016

por Rita Morais Carvalho

A lógica do distanciamento na perspectiva que marca o olhar não é um conceito caracterizável pela sua novidade. Ela existe desde sempre. Percebê-la, porém, assume outros contornos. Pese embora a distância seja entidade sempre e desde sempre presente, poucas são as obras de imagem em movimento – ora de cinema, narrativo ou não, ora de videoarte – que a descobrem. No campo do cinema experimental, conseguiria, num exercício rápido, pensar no exemplo de James Benning como alguém que a compreendeu na sua completude. Se nos debruçarmos especificamente sobre o videoarte, terá possivelmente sido Michael Snow a reflectir com maior densidade sobre o conceito, com obras como Wavelenght, ainda que sempre em associação ao problema, esse central, do tempo e duração no filme. Continuar a ler

João Tabarra – Biotope

João Tabarra – Biotope Colégio das Artes, Universidade de Coimbra –  20 de Novembro de 2015 a 22 de Janeiro de 2016

por Rita Bernardes de Almeida Barreira

O acolhimento descentrado de Lisboa da nova exposição de João Tabarra assinala mais uma síntese do seu contínuo movimento fotográfico, distinguindo-se ainda assim com contornos diversos que provocam um ponto de ordem em relação à sua exposição antológica no Centro de Arte Moderna (2014) e à mais recente mostra da Galeria Filomena Soares com Discrepância (2014).

Se, de facto, assinalamos a continuidade formal do processo artístico do fotógrafo, permitindo-nos emergir numa linha familiar ao seu espectador atento, iremos de igual modo reunir uma experiência consistente— completa— de um programa expositivo que vive da produção e investigação artística em si, mas aqui com uma atenção específica com os referentes e tópicos gravitacionais que a compõem, materializados numa cuidadosa curadoria integrada. Continuar a ler

O Teu Corpo é o Meu Corpo – Coleção de cartazes de Ernesto de Sousa

O Teu Corpo é o Meu Corpo – Coleção de cartazes de Ernesto de Sousa – Museu Coleção Berardo – Curadora: Isabel Alves – 17 Abril 2015 a 3 Abril 2016

por Jaime Alejandro Carmona Múnera

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El cartel:

Por la calle hay un hombre de espaldas con sombrero y chaqueta, que dice: “Teu Corpo é o Meu Corpo” y te lo dice en ingles también. Luego dice: “Colección de carteles de Ernesto de Sousa”, así, sin más. Si el caminante esta inmerso en sus problemas cotidianos, no repara en aquel hombre, que lanza sentencia tan grande y que además no da la cara, si el caminante va un poco ligero de preocupaciones y esta atento por donde camina, se dará cuenta que también dice Museu Coleçao Berardo, si tiene más tiempo se dará cuenta que hay una fecha y seguido dice “entrada gratuita”, si la información anterior no lo cautivo tal vez la entrada gratuita lo haga y más si el caminante es un turista buscando algo que hacer.

Si el caminante se encuentra con este hombre y realmente le interesa, es por que tal vez ya lo vio anticipadamente en internet, y hasta de pronto sepa quien es Ernesto de Sousa,comprenda de donde procede la frase “Teu corpo é o Meu corpo” y sabrá además que el hombre que esta de espaldas es Joseph Beuys, y tal vez solo tendrá la duda que hace en un mismo espacio: la frase “Teu corpo é o meu corpo”, la colección de carteles de Ernesto de Sousa y Joseph Beuys. Y por esto asistirá a la ver la exposición Así es el cartel que promociona la exposición de la colección de carteles de Ernesto de Sousa, que se realiza en el Museu Coleçao Berardo. Continuar a ler

Hein Semke. Um Alemão em Lisboa

Exposição “Hein Semke. Um Alemão em Lisboa” – CAM – Fundação Calouste Gulbenkian – Curadoria: Ana Vasconcelos – de 20 de Novembro de 2015 a 13 de Junho 2016

por Inês Fonseca

Hein Semke

 

Hein Semke, artista plástico hamburguês nascido a Junho de 1899, foi voluntário na Primeira Guerra Mundial em 1916. Sendo desmobilizado em 1919 trabalha em diversas áreas e envolve-se em revoltas anarquistas, o que o leva a ser condenado a seis anos de prisão solitária. Em 1929 chega a Lisboa onde trabalha numa fábrica de tecidos em Chelas. Contudo devido a problemas pulmonares, é forçado a regressar à Alemanha, sendo declarado inválido para trabalhos que envolvessem esforço físico elevado. É nesta sequência que decide, também por encorajamento dos seus amigos, estudar artes, dedicando-se exclusivamente à actividade até ao final da sua vida. É em 1932 que se instala em Portugal com a sua primeira mulher, Martha Ziegler. A sua casa em Linda-a-Pastora, local onde se fixa, é “um ponto de convívio de artistas e escritores” até 1949. Relacionava-se e convivia no círculo de intelectuais e artistas lisboetas como Fernando Pessoa, Mário Eloy, Vieira da Silva, Diogo de Macedo ou Jorge Barradas.

Em 1933 expõe as suas obras com os modernistas portugueses. Os críticos Portugueses consideraram o seu trabalho como “ duro e místico, ainda com algumas reminiscências românico-góticas, revelando influência do Expressionismo de Barlach”.

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Helena Almeida – «A Minha Obra é o Meu Corpo, O Meu Corpo é a Minha Obra»

Helena Almeida – Exposição «A Minha Obra é o Meu Corpo, O Meu Corpo é a Minha Obra» – Museu de Serralves, Porto. Portugal – 17 Outubro -10 Janeiro 2016

por Letícia de Melo

A capitã em habitar pinturas – e não só!

Até o momento trata-se da exposição que levou mais a fundo o conjunto historiográfico da obra de Helena Almeida (1934), não se tratando de uma retrospectiva, mas sim, de um aprofundar em pertinências cada dia mais relevantes para o cenário artístico contemporâneo.

O percurso de Helena começou com Pintura, na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, nos anos 60 do século XX. A pintura já salientava a potência desbravadora para além do campo pictórico, mas Helena Almeida pretendia dominar o espaço expandido. Queria entrar no quadro, fundir-se nele.

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Um olhar sobre a exposição de Manuel Aires Mateus: “Cadernos de Alhambra”

Um olhar sobre a exposição de Manuel Aires Mateus: “Cadernos de Alhambra” – Galeria João Esteves de Oliveira – 17 Setembro a 6 Novembro de 2015

por Rui Miguel Dias Carvalho

À primeira vista, formalmente, estamos perante um conjunto de desenhos feitos a negro, com linhas frequentemente quase retas e pequenos apontamentos que não conseguimos apreender na sua totalidade, a par de alguns espaços brancos entre eles. Num segundo passo, encontramos alguns signos, como relógios, arcos e aquilo que parecem ser formas de paralelepípedos e simetrias que parecem aludir a arquitetura. Assim, quando olhamos para o título da exposição “Cadernos de Alhambra” entendemos que estávamos corretos na intuição: existe uma alusão arquitetónica explícita em vários dos desenhos, os quais, por vezes, são mais simples mas, outras tantas vezes, complexificam-se criando a ilusão de uma representação algures entre essa complexidade das formas, tal qual rendilhado detalhado, e um espaço entre desenhos que é ocupado pelo branco da folha, como se o artista nos quisesse transmitir o que sentiria ao viajar entre um edifício e outro, em termos de espaço a percorrer entre construções.

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